sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ceda seu lugar pra gestante!

Você vê uma mulher com barriga protuberante entrando no metrô ou no ônibus. Ou chegando perto da fila. Você, numa onda de compaixão e cooperação, lembrando da sua mãe-tia-sobrinha-namorada-esposa-irmã ou até de você mesma quando estava grávida, pés inchados, costas doloridas... Num ímpeto de bom mocismo, de civilidade urbana, deixa a mulher com barriga protuberante, vestida de batinha florida, ou vestido soltinho passar na sua frente... Acha que ganhou um bilhetinho "non stop" direto pro céu ainda em vida. Fez a boa ação do século em ceder seu lugar pra gestante.... E, sorridente, ensaia um princípio de conversa: “pra quando é?”... Com a expressão surpresa da mulher, você sente o sangue subir pelo rosto, naquelas ondas sucessivas de fervendo-gelado-fervendo-gelado... Você se toca que a mulher em questão, alvo da sua gentileza, não está grávida! Ela está acima do peso, mas não está grávida. Tendo tido a chance de viver os dois papéis nessa situação, sei que tem gordas que fecham a cara, fazem que vão chorar. Ficam constrangidas. Outras riem e debocham, outras simplesmente se  aproveitam da situação. Quando esse tipo de gafe acontece, o melhor a fazer é pedir desculpas,  sumir, desaparecer, escafeder-se. Não dizer mais nenhuma palavra além de “Desculpa”... Já está  bom demais. Enquanto obesa, posso dizer que tem umas roupas de grávida que são muito bonitinhas e dá pra gente usar sem dar bandeira. Ando muito bem resolvida  e com a autoestima batendo na Lua, por isso posso dizer que minha reação, nesses casos,  é dar uma risada das boas. Confesso que já dei o golpe da fila algumas vezes, porque estar acima do peso tem que ter alguma vantagem, pelo menos de vez em quando. Confesso que tinha um cinema aqui em Brasília, que até já fechou, em que dei o golpe da gestante algumas vezes... O filme que eu queria ver já estava começando, a fila estava grande e eu me coloquei bem atrás de uma senhora da terceira idade. Comprei o ingresso e entrei na maior cara de pau. Uma vez, num supermercado, também entrei com pressa pra comprar uma sobremesa pro almoço de domingo, e fui para a  fila preferencial. A moça do caixa mal sabe o quanto eu tive vontade de beijá-la quando ela olhou pra mim e disse que eu não parecia grávida. Tive que estufar a barriga e fazer uma cara  de futura mamãe sonhadora... E na maior cara de pau falei: “a gente que é gordinha é assim mesmo, a barriga aparece pouco”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário